sábado, 16 de novembro de 2024

Crônica de mãe

Parei por um ano minha relação com a música para experimentar o silêncio e solitude que acompanham uma mãe. O único som que me interessava na gestação era o coração de minha filha. Agora ela fez seis meses e estou atenta aos seus grunhidos, choros, chamados, gargalhadas. É uma verdadeira sinfonia que preenche tudo aqui em casa. Ouço sua voz até quando Ada não fala. Acho que isso acontece porque ela morou em mim. O pai não escuta essa frequência. Só eu. Corro para o quarto de instante em instante - "Ada quer colo". Quando chego, dou colo sem ela ter pedido. Parece que quem quer o colo dela sou eu. Descobri que mãe é assim. Não durmo há meses, para ela dormir bem. Como de tudo, para ela mamar bem. Sou mais ela do que eu. Por livre e espontânea vontade de amar e querer bem. Acho que isso é para sempre. Que bom! 

Fiz até uma canção sobre isso. Qualquer dia toco ela e publico por aqui: 


Primeiro lar

O meu corpo é travessia

ao encontro de você

Casulo em metamorfose

pronto pra te receber


Durante a estadia

nos tornamos um só ser

eu aprendo a ser mainha

e você o meu bebê


Que cor há de ter seus olhos?

O que te encantará?

Será o brilho da lua

ou o balanço do mar?

Como há de ser seu jeito?

O que seu peito cantará?


Eu estou aqui, amor

Sempre o seu primeiro lar

Seu primeiro cobertor

Meus braços são porta aberta  

Você sempre pode entrar. 




Crônica de mãe

Parei por um ano minha relação com a música para experimentar o silêncio e solitude que acompanham uma mãe. O único som que me interessava n...