Parei por um ano minha relação com a música para experimentar o silêncio e solitude que acompanham uma mãe. O único som que me interessava na gestação era o coração de minha filha. Agora ela fez seis meses e estou atenta aos seus grunhidos, choros, chamados, gargalhadas. É uma verdadeira sinfonia que preenche tudo aqui em casa. Ouço sua voz até quando Ada não fala. Acho que isso acontece porque ela morou em mim. O pai não escuta essa frequência. Só eu. Corro para o quarto de instante em instante - "Ada quer colo". Quando chego, dou colo sem ela ter pedido. Parece que quem quer o colo dela sou eu. Descobri que mãe é assim. Não durmo há meses, para ela dormir bem. Como de tudo, para ela mamar bem. Sou mais ela do que eu. Por livre e espontânea vontade de amar e querer bem. Acho que isso é para sempre. Que bom!
Fiz até uma canção sobre isso. Qualquer dia toco ela e publico por aqui:
Primeiro lar
O meu corpo é travessia
ao encontro de você
Casulo em metamorfose
pronto pra te receber
Durante a estadia
nos tornamos um só ser
eu aprendo a ser mainha
e você o meu bebê
Que cor há de ter seus olhos?
O que te encantará?
Será o brilho da lua
ou o balanço do mar?
Como há de ser seu jeito?
O que seu peito cantará?
Eu estou aqui, amor
Sempre o seu primeiro lar
Seu primeiro cobertor
Meus braços são porta aberta
Você sempre pode entrar.