quinta-feira, 15 de junho de 2023

Sobre Maria Bethânia

 

No ultimo dia 9 de junho, eu realizei um sonho: assisti Maria Bethânia cantar ao vivo. E quanta coisa a gente aprende como artista com essa experiência. 

São quase duas horas de espetáculo, entre luzes e sombras, sons e silêncios, músicas e poesias praticamente ininterruptas, costuradas a mão, ou melhor dizendo, à voz. E que voz.

Digo praticamente ininterruptas porque em dado momento, algum sujeito da plateia achou de bom tom pedir aos gritos a "toca reconvexo" no momento em que Bethânia recitava um poema. Ela parou. Aguardou. Disse: "Irei recomeçar".  

Aplaudi de pé a abertura com Gema e, em seguida, uma salva de palmas para Gal enquanto uma fotografia das duas surgia por detrás do palco. O Teatro desabou antes do show começar.

Depois ouvi "um índio" com uma interpretação, forte, de pé no chão, percussão crua ao fundo, o refrão que todos sabemos de cor recitado ao som dos tambores. 

Veio Gonzaguinha, veio Chico César, Belchior, mas quando ela cantou "amor de índio" e "um sonho impossível" solo, meus olhos transbordaram em lágrimas. Que número lindo! 

Trechinho de um sonho impossível. Não consegui gravar muita coisa para não perder nada. 

No final tivemos frevo, axé, bis e mais bis e tudo terminou em "O que é? o que é?"

Que aula de profissionalismo e quanto estudo. Todo o repertorio selecionado e executado nos mínimos detalhes para
que viajássemos entre ternura, melancolia, paixão, felicidade, esperança e saíssemos do teatro com as energias renovadas.

 

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