No ultimo dia 9 de junho, eu realizei um sonho: assisti Maria Bethânia cantar ao vivo. E quanta coisa a gente aprende como artista com essa experiência.
São quase duas horas de espetáculo, entre luzes e sombras, sons e silêncios, músicas e poesias praticamente ininterruptas, costuradas a mão, ou melhor dizendo, à voz. E que voz.
Digo praticamente ininterruptas porque em dado momento, algum sujeito da plateia achou de bom tom pedir aos gritos a "toca reconvexo" no momento em que Bethânia recitava um poema. Ela parou. Aguardou. Disse: "Irei recomeçar".
Aplaudi de pé a abertura com Gema e, em seguida, uma salva de palmas para Gal enquanto uma fotografia das duas surgia por detrás do palco. O Teatro desabou antes do show começar.
Depois ouvi "um índio" com uma interpretação, forte, de pé no chão, percussão crua ao fundo, o refrão que todos sabemos de cor recitado ao som dos tambores.
Veio Gonzaguinha, veio Chico César, Belchior, mas quando ela cantou "amor de índio" e "um sonho impossível" solo, meus olhos transbordaram em lágrimas. Que número lindo!
No final tivemos frevo, axé, bis e mais bis e tudo terminou em "O que é? o que é?"
Que aula de profissionalismo e quanto estudo. Todo o repertorio selecionado e executado nos mínimos detalhes para
que viajássemos entre ternura, melancolia, paixão, felicidade, esperança e saíssemos do teatro com as energias renovadas.